Projetos

Avaliação dos efeitos do reflorestamento da zona ripária de riachos na estrutura e funcionamento dos ecossistemas terrestre e aquático

2013 - em andamento

A degradação e conversão de grandes áreas florestadas para as atividades antrópicas é a principal causa do desmatamento de zonas ripárias que, consequentemente, diminui a qualidade da água e a diversidade biológica. Diante do atual estado de degradação da maioria dos riachos, medidas urgentes de restauração têm sido mundialmente recomendadas. No Brasil, a recuperação de áreas degradadas tem envolvido pesquisadores, órgãos do governo e organizações não governamentais na sua elaboração. Entre as estratégias, está o reflorestamento da zona ripária, recomendada como a melhor forma de proteção dos recursos hídricos e recuperação da biodiversidade. Entretanto, ainda sabemos muito pouco sobre os efeitos de tais estratégias na recuperação da qualidade da água de riachos e na estrutura e funcionamento dos ecossistemas terrestres e aquáticos; por isso, mais estudos visando o monitoramento e avaliações dessas áreas são necessários. Portanto, esse projeto pretende avaliar os efeitos do reflorestamento de zonas ripárias na qualidade da água, nas características físicas do riacho, na estrutura da floresta, nas comunidades de macroinvertebrados aquáticos e da fauna terrestre, e no funcionamento dos ecossistemas terrestre e aquático. Para isso, serão amostradas cronosequências de florestas ripárias em diferentes estados de recuperação, além de áreas degradadas e áreas florestadas para controle, localizados em paisagens rurais influenciadas por atividades antrópicas no interior do estado de São Paulo, nos municípios de São Carlos, Itirapina e Mineiros do Tietê. Os resultados deste estudo permitirão a melhor compreensão dos efeitos da restauração da vegetação ripária na qualidade da água e funcionamento dos ecossistemas terrestres e aquáticos, e assim contribuir para implantação de projetos futuros e para o melhor gerenciamento dos recursos hídricos. (Apoio FAPESP).

Estabelecimento de espécies arbóreas em projetos de restauração em função de suas características funcionais

2010 - em andamento

O desmatamento de florestas ripárias resulta em grandes perdas das funções e serviços do ecossistema impactando fortemente os ecossistemas terrestres e aquáticos, e sua restauração é de extrema importância para aumentar a quantidade e qualidade da água em riachos de baixa ordem. O tempo e o custo da restauração, além das técnicas utilizadas, dependem do estado de degradação da área e também dos condutores de degradação presentes. Neste sentido, o desenvolvimento de estratégias efetivas de escolha de espécies arbóreas e do manejo adequado do solo, com uma melhor relação custo-benefício para projetos de recuperação de florestas ripárias é fundamental para o sucesso da restauração destes ecossistemas. Os estudos propostos neste projeto têm como objetivo avaliar se a escolha precisa de espécies arbóreas e o manejo adequado do solo e de gramíneas exóticas pode aumentar a eficácia de projetos de recuperação de florestas ripárias degradadas através de abordagens experimentais. Especificamente este projeto visa avaliar a influência de características funcionais de sementes, folhas, arquitetura e padrão de crescimento de espécies arbóreas na sobreposição de barreiras abióticas e bióticas de áreas degradadas. Além disso, possibilitará relacionar estas características a indicadores precisos e simples que possam predizer que tipo de espécies tem mais chance de se estabelecer em áreas degradadas, contribuindo para a melhoria dos projetos de restauração de florestas ripárias. (Apoio CNPq)

Efeitos de fragmentos florestais na estrutura e funcionamento de ecossistemas de riachos: subsídios para a conservação e recuperação de corpos d’água em paisagens rurais

2010 - 2013

O presente projeto permitiu avaliar, pela primeira vez na região Neotropical, o efeito de remanescentes florestais na qualidade da água de riachos em paisagens rurais, com alta proporção de áreas desmatadas. Para tanto, foi estudado detalhadamente como características físicas e químicas da água e do riacho, estrutura da comunidade de peixes e macroinvertebrados, e taxas de decomposição foliar eram modificadas conforme o riacho passava de uma região dominada por plantações de cana-de-açúcar para 600m no interior de um remanescente florestal. A maioria dos indicadores de qualidade da água responderam à presença do remanescente florestal, com aumento na concentração de oxigênio dissolvido, redução da condutividade elétrica e aumento nas contrações de fósforo e silicato. Houve redução da riqueza e diversidade de macroinvertebrados, mas houve aumento na quantidade de fragmentadores, de forma que as taxas de decomposição foliar aumentaram ao longo do fragmento. Estas respostas não foram simples, pois verificamos que a estrutura das florestas ripárias influenciaram a resposta destes indicadores, explicando variação não relacionada á presença do remanescente florestal. Desta forma, diferenças no estágio seral das florestas ripárias, caracterizadas por diferenças na densidade de árvores, área basal, e altura e estratificação do estrato arbóreo, poderiam influenciar desde as taxas de decomposição até a concentração local de nutrientes encontradas ao longo do riacho. Todos estes resultados são inovadores e nunca haviam sido registrados ao longo de um mesmo corpo d'água, indicando que 1) os efeitos de fontes não-pontuais de poluição podem ser mitigados por remanescentes florestais, 2) estes efeitos dependem da estrutura da floresta ripária, 3) coletas feitas com pouca representatividade ou poucas réplicas não são suficientes para caracterizar adequadamente a qualidade da água de um dado corpo d'água. (Apoio CNPq)

Desenvolvimento de índices integrados de biomonitoramento da qualidade da água para proteção e restauração de nascentes e córregos de baixa ordem

2007 - 2010

O monitoramento da qualidade da água é uma etapa fundamental para se avaliar os impactos ambientais e o sucesso de ações de recomposição de ecossistemas, sendo que diversos métodos têm sido utilizados. Estudos recentes comparando diferentes grupos de organismos usados para biomonitoramento mostram que pode haver correlação entre grupos na detecção de impactos, mas esta relação pode variar em função das características dos rios. Métodos mais precisos de biomonitoramento podem ser então usados em modelos preditivos de risco, para dar maior suporte às decisões envolvidas no manejo e estratégias de desenvolvimento sustentável. Os objetivos deste projeto foram: 1) avaliar o uso de quatro estratégias de monitoramento de bacias hidrográficas, especialmente em riachos de baixa ordem, para avaliar a capacidade discriminante destas estratégias na identificação de riachos em diferentes estados de degradação; 2) verificar se estratégias isoladas ou em combinação podem discriminar riachos degradados, em recuperação ou preservados; 3) propor um modelo de biomonitoramento que possa ser usado por voluntários na avaliação de riachos; 4) propor formas de comunicação dos resultados com entidades organizadas da sociedade civil. Foram realizadas amostragens em 15 córregos pertencente a uma sub-bacia hidrográfica na região central do estado de São Paulo, visando o desenvolvimento índices integrados de biomonitoramento que possam ser usados para a proteção de córregos e nascentes de baixa ordem. Os resultados poderão subsidiar modelos preditivos de risco, para dar maior suporte às decisões envolvidas no manejo e estratégias de desenvolvimento sustentável. (Apoio CNPq/CT-Hidro)

Uma avaliação da influência da mata ciliar na estrutura de comunidades animais de um riacho na Serra da Bodoquena, MS

2005 - 2007

Ecossistemas de riachos são fortemente influenciados pelas ações de desenvolvimento humano, como alterações no uso da terra que levam a modificações das condições, níveis de diferentes recursos e estrutura das comunidades. O desmatamento das matas ciliares altera a base de recursos alóctones e autóctones para as comunidades de riachos e muda as relações tróficas entre os sistemas aquático e terrestre. Estas alterações podem influenciar a estrutura das comunidades animais dos riachos como macroinvertebrados e peixes, mas poucos estudos foram feitos em regiões tropicais. A Serra da Bodoquena é uma importante região dos planaltos que circundam o Pantanal, com águas muito límpidas e altos índices de endemismo. Entretanto, as atividades agrícolas das últimas décadas resultaram em altas taxas de desmatamento, mas pouco se sabe sobre os impactos nas comunidades biológicas. Assim, o objetivo geral do presente projeto é determinar como a alteração da zona ripária em consequência do desmatamento das matas ciliares influencia a estrutura das comunidades animais de um riacho tropical no centro-oeste brasileiro. Para tanto, serão realizadas amostragens quantitativas de peixes e macroinvertebrados em trechos desmatados e intactos do córrego Salobrinha, na bacia do Rio Miranda. As coletas serão feitas nas estações seca e chuvosa ao longo de dois anos, para verificar diferenças relacionadas à sazonalidade nas condições ambientais. Diversos parâmetros físico-químicos serão avaliados em cada trecho para se avaliar quais fatores influenciam estas comunidades e como o desmatamento altera as condições deste riacho. Os resultados do presente projeto fornecerão subsídios para estudos comparativos futuros visando compreender os padrões de biodiversidade e funcionamento de ecossistemas de riachos na região, além de subsidiar a elaboração do plano de manejo do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. (Apoio CNPq)